Arianne Pacheco Rodrigues, 19 anos, afirma que sua expulsão aconteceu depois que os professores encontraram cartas de amor que eram trocadas entre ela e outra jovem. Diante do caso a comissão disciplinar formada por pastores e professores resolveu expulsar as duas alunas.
O processo foi aberto pela jovem naquela época, pedindo uma indenização no valor de R$50 mil por danos morais, mas a primeira audiência só aconteceu há duas semanas. A jovem mora hoje com a mãe nos Estados Unidos e de lá foram ouvidas pelo programa Fantástico que abordou o tema.
“Não tive chance de falar. Eu pedi só para eles uma chance, só que eles falaram que não dava, porque eles não aceitavam aquilo no colégio, namorar outra menina”, disse a jovem. A mãe de Arianne, Marilda Pacheco, afirma que o objetivo da ação é tentar impedir que outras crianças passem pelo mesmo processo de exclusão que sua filha foi vítima.
O IABC funciona em regime de internato, as crianças estudam e dormem ali ao longo da semana e voltam para suas casas no final de semana. Pelo relato da jovem ela chegou ao colégio em uma segunda-feira e foi avisada por um pastor que ela teria que deixar a escola.
“Eu fui segunda-feira para aula, e o pastor pegou no meu braço e disse que eu iria embora naquele momento. Eu pedi para me despedir dos meus amigos e ele falou que não. Já era para arrumar as malas. E eu fui arrumar as malas”.
Colégio esclarece o fato dizendo que aluna infligiu regras
O Fantástico também ouviu a versão da direção do colégio que explicou que o motivo do afastamento de Arianne não foi por sua escolha sexual, mas por manter relações sexuais dentro das dependências da IABC.
“A verdade é que ela infringiu uma regra clara da escola e, por isso, recebeu a sanção do afastamento, a questão da intimidade sexual. O afastamento do aluno independente se é um relacionamento homossexual ou heterossexual. Ele recebe a mesma consequência”, declara o diretor da instituição Wesley Zukowski.
Além da prática sexual dentro da instituição, o colégio também pune com o afastamento os alunos que usam drogas ou fazem o uso de armas. O diretor também diz que foram outros alunos que relataram para os professores o que estava acontecendo com as duas meninas.
OAB tenta usar o caso para alertar outras escolas
A Ordem dos Advogados do Brasil da seção de Goiás (OAB-GO), por meio do presidente Henrique Tibúrcio, alega que mesmo tendo regras próprias as escolas precisam levar em consideração primeiramente as regras do Ministério da Educação e a Constituição.
O posicionamento do órgão é contra a expulsão das alunas, condenando a IABC. “A escola foi arbitrária. Não deu nenhuma chance de defesa às alunas e o assunto não passou, não foi debatido pelo Conselho Escolar. A expulsão não é permitida. Se no regimento da escola está escrito que é possível haver expulsão nessa escola, esse regimento está contra a Constituição”.
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